segunda-feira, abril 23, 2007

Nem parecia Brasil. Por isso aconteceu no Air

Rio de Janeiro, 21 de Abril. No país do caos aéreo, Red Bull Air Race, maior evento esportivo da aviação mundial. Parece brincadeira, deboche, mas não é. O epicentro do nosso problema encontra-se em Brasília. A Air Race aconteceu no Rio de Janeiro em meio à paisagem de um dos nossos cartões postais favoritos: o Pão de Açúcar. Entre uma volta e outra os pilotos davam a volta nele, enquanto com certeza alguns dos pobres que tinham seus vôos atrasados deviam assisti-los das telas de plasma do aeroporto localizado na maquete gigante de Juscelino, que na “vida real” não funciona tão bem.
Viva a iniciativa privada! Eventos como esse só provam cada vez mais que o mercado está acima de questões básicas como o direito do cidadão de pagar pela sua passagem (muito cara por sinal), receber seus amendoins a cada sobe e desce da aeronave de assentos desconfortáveis e chegar no destino para encontrar aquele ente querido, que já há algumas horas espera no aeroporto acompanhando pela mesma tela de plasma os vôos atrasarem cada vez mais.
Mas voltemos ao que, segundo opinião de Hortência (a jogadora de basquete que agora é formadora de opinião das mais conceituadas, no programa do Faustão e Hebe é claro...), "é o evento esportivo mais organizado que já houve no Rio de Janeiro e comparável ao carnaval"... vai entender...
Segundo o Corpo de Bombeiros, 1 milhão de brasileiros lotaram a enseada de botafogo para acompanhar a “air race”. Se brasileiro unisse essa quantidade de pessoas para alguma boa razão seria bom. Mas somos assim mesmo, adoramos uma novidade, principalmente quando é gratuita. Parece até que a empresa que patrocinou o evento é um dos nossos políticos populistas que fazem show de axé ao invés de comícios e recebem votos por isso.
O evento de aeroporto brasileiro não tem nada. Os aviõezinhos levantam vôo na hora certa, atravessam cones e fazem acrobacias a fim de atingir o menor tempo. E quando um norte-americano foi indagado sobre um acidente ocorrido no aeroporto onde quase bateu em outro avião, respondeu: “E isso tem alguma coisa a ver com a corrida?”. Gostei dele. Parece o nosso presidente ao seu estilo isso não é comigo.
Até a paz reinou no evento, segundo as autoridades é claro. Afinal, o Pan está bem próximo e não podemos “queimar” a cidade maravilhosa. E o vencedor da etapa daqui chama-se Paul BONHOMME, que em sua volta foi submetido à maior força G (gravidade) de todos. Enfim, que os ventos, não os “Eventos”, tragam BonsHommens para resolver nosso problema, que é Grave.